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Uso do Corpo Astral em Ataques Ocultos
A expressão “corpo astral” vem da idade média, e foi originalmente
empregada pelo astrólogos da época, numa tentativa de explicar de que
maneira a influência dos astros agia sobre a substância física. Segundo
eles, o corpo físico mantinha dentro de si uma duplicata de matéria
astral, isto é; de matéria sutil do mesmo tipo das influências
irradiadas pela esfera celeste (da qual a Terra, naturalmente, era
considerada o centro), e era através do impacto destas influências
transmitido pelo corpo astral ao corpo mais grosseiro que os astros
influenciavam a vida humana.
A astrologia caiu em descrédito
durante o Século dezenove, que foi o século de grande avanço do
pensamento materialista; mas o desenvolvimento da física e da química
tem levado os cientistas modernos a aceitarem a possibilidade de
radiações muito sutis serem transmitidas continuamente através do espaço
sideral. As experiências com fotografia áurica, iniciadas pelos russos,
indicam que todo corpo vivo está rodeado de uma aura de energia, de uma
gama vibratória visível ao olho físico; e modernos biólogos começam a
admitir a influência do movimento aparente do sol, e do movimento real
da lua, sobre a vida na superfície do nosso planeta, inclusive a vida
humana.
Os iniciados, entretanto, nunca tiveram dúvidas quanto à
existência do “corpo astral”; apenas, eles vão mais além: o assim
chamado corpo astral compõe-se de diversas estruturas, cada qual de uma
determinada gama vibratória, e cada qual com uma determinada função. Os
hindus, e principalmente os budistas, tem feito uma análise muito
aprofundada dos veículos de que se compõe o “corpo astral” dos místicos
medievais do ocidente.
Certas pessoas tem um “corpo astral” mais
desenvolvido que o normal, seja devido ao treino deliberado, seja devido
a herança genética, seja às influências magnéticas do local onde vivem
ou das pessoas com as quais entram em contato. Por exemplo: iniciados
treinados, principalmente se são de um alto grau, mas não de um grau
suficientemente elevado para terem aniquilado o Ego,[1] possuem
personalidades intensamente magnéticas, perturbadoras para pessoas
sensíveis que não estão acostumadas à presença de força psíquicas em
estado de tensão. Em circunstâncias nas quais aspirantes já de certo
desenvolvimento ampliam a consciência dos veículos internos mais
facilmente, aqueles que não estão preparados podem ser extremamente
perturbados pela vizinhança constante de um iniciado. Portanto,
ocultistas avançados que, sem terem ainda alcançado total equilíbrio e
aniquilação de seus poderes, permitem a profanos a entrada em seu
círculos, e estão sendo imprudentes e até indiscretos; mas não podem,
com justiça, serem acusados de abusarem de suas faculdades. Eles emanam
força involuntariamente, devido à sua alta carga interna. Os iniciados
de maior adiantamento[2] sempre vivem afastados da multidão, pois eles
não apenas precisam de isolamento para seu trabalho, como sua influência
produz uma reação psíquica violenta em profanos.
Faz algum
tempo, aquela colega nossa a quem já nos referimos, tendo alcançado o
trabalho correspondente ao Grau de Philosophus da A\A\, estabeleceu uma
Abadia de Thelema num local que não especificaremos, onde seus
discípulos imediatos podiam ir para retiros e treinos mágicko. Um de
seus Neófitos, muito bem intencionado, tendo conhecido um homem que se
dizia interessado em psiquismo, solicitou permissão para trazê-lo em sua
companhia para uma visita. Como já dissemos antes, nossa colega é
extremamente confiante, e consentiu na visita de um profano. As
condições eram especiais, pois segundo o Neófito, seu conhecido estava a
beira de um colapso nervoso, e talvez a atmosfera da Abadia o
auxiliasse a se recuperar.
O profano era uma pessoa extremamente
sensível, escrupulosamente limpa, e com uma acentuada repugnância por
sujidade de qualquer tipo. Suas simpatias especiais em psiquismo eram
teosofia e as obras de Max Heindel. Ele seguia uma dieta estritamente
vegetariana e era extremamente meticuloso em seus hábitos. Sua obsessão
pela limpeza pessoal e a de seu meio ambiente, seu vegetarianismo, que
ele declarava decorrer de uma profunda repugnância pela violência e pelo
sangue, e seu incessante interesse por misticismo haviam impressionado o
Neófito como sintomas de espiritualidade. Infelizmente, quando nossa
colega consentiu na visita, ela ainda não sabia destas características
do visitante, que teria reconhecido imediatamente como sintomas de um
temperamento sadomasoquista extremamente reprimido.
Quando o
visitante, a quem chamaremos de Sr. N., chegou à Abadia, ocorreu um
curioso incidente. A Abadia possuía um jardineiro, o qual por sua vez
possuía um cachorro, viralata extremamente amigável e pachorrento, cuja
ocupação favorita além de coças as pulgas era dormitar em frente ao
portão. N., tendo saltado do taxi que o trouxera da estação, e pago o
preço da viagem, agachou-se ao lado do animal para acariciá-lo.
O
cachorro levantou-se de um pulo e saiu ganindo com o rabo entre as
pernas para os fundos do quintal, de onde não saiu até a hora do almoço,
para grande espanto de seu dono, que nunca vira o animal proceder
assim. O Jardineiro declarou mais tarde que desde o primeiro dia
desconfiara de N., por causa da reação do seu cão ao contato com o
visitante.
Fora este incidente inicial, N. causou excelente
impressão ao pessoal da Abadia, inclusive a nossa colega, a qual não
estivera presente a sua chegada, e só soube do caso com o cachorro
alguns dias depois.
Era um homem quieto, bem comportado, de
palavras comedidas, inteligente e culto. Suas opiniões sobre ocultismo,
em muitos pontos, diferiam radicalmente daquelas do pessoal da Abadia,
mas não houve qualquer atrito durante o dia. O visitante declarou-se
encantado com a Abadia e seus habitantes, e expressou desapontamento
apenas pelo fato de que lhe haviam reservado um quarto separado: ele
supusera que iria dormir no mesmo quarto que o Neófito responsável pela
sua vinda. Nossa colega explicou-lhe delicadamente que o Neófito tinha
que dormir sozinho, pois estava executando certas práticas que faziam
parte de seu programa de treino, e N. pareceu ficar conformado com a
explicação.
Naquela noite, o Neófito acordou de um profundo
pesadelo, sentindo, como escreveu em seu diário, “um peso que lhe
oprimia o peito”. Mesmo depois de acordar e levantar-se, parecia-lhe
como se atmosfera do quarto estivesse impregnada de uma influência
doentia. Ele executou os rituais de banição próprios do seu grau e
voltou a adormecer sem mais incidentes.
Na manhã seguinte,
entretanto, durante o café ele mencionou seu pesadelo, e para seu
espanto os outros membros da comunidade declararam em peso que eles,
também, haviam experimentado pesadelos durante a noite, com exceção de
nossa colega. É claro que, nas circunstâncias, começaram a comparar o
que havia acontecido com cada um. Os pesadelos tinham sido do mesmo
tipo, inclusive a sensação de opressão no peito. No auge da discussão,
N. que se havia retorcido irrequieto em sua cadeira desde o primeiro
instante em que se mencionara pesadelos, protestou muito nervoso:
- Por favor, não falem dessas coisas tão mórbidas que eu fico com mal-estar!
Em
deferência ao visitante, o assunto foi encerrado; mas nossa colega,
para quem a paz da comunidade era muito importante, uma vez que estava
sob sua responsabilidade, sentiu que a Abadia estava sob alguma forma de
ataque; não era normal que todos seus estudantes tivessem tido o mesmo
pesadelo, e isto na mesma noite. A única influência nova na casa era a
de N., portanto, ela resolveu ficar de olho nele. Conforme ela comentou
mais tarde, não lhe ocorrera ainda que os acontecimentos pudessem ser
causados por ele; era simplesmente que a entrada de um profano
representava uma quebra no círculo.[3]
Naquela noite, uma das
Probacionistas da Abadia, sentindo um premonição, percorreu a casa
inteira na hora de dormir, experimentando portas e janelas para ver se
estavam bem trancadas. Ela encontrou-se com N. (que vinha do banheiro)
num corredor, e este perguntou-lhe o que estava fazendo.
- Estou com a impressão de que há uma influência hostil nos rondando – explicou a moça. –Um ladrão, ou alguma coisa assim.
N. deu uma risada.
-
Sua bobinha! Não adianta trancar as vias de entrada, o perigo está
dentro da casa. Vá para seu quarto e feche a sua porta à chave.
A
Probacionista, entretanto, continuou seu trabalho de verificar se
estava tudo bem fechado, e ao retirar-se para seu quarto não trancou a
porta; isto era coisa que nunca fora necessário na Abadia, onde a
privacidade de cada um era respeitada com o máximo de rigor. Apesar
disso ela passou uma noite normal, não experimentando qualquer pesadelo.
O
mesmo, entretanto, não ocorreu com o Neófito responsável pela vinda de N
.. Por volta das duas da madrugada ele experimentou o mais terrível
pesadelo que já tivera na sua vida, e acordou suando frio, como se
alguém o estivesse forçando a se manter deitado, ou jazesse sobre ele.
Ao sentar-se no leito ele viu distintamente a cabeça de N. flutuando no
ar aos pés da cama, diminuindo rapidamente de tamanho, e arreganhando os
dentes ferozmente como numa ânsia de mordê-lo. “ Foi a coisa mais
maligna que já vi até hoje”, ele escreveu mais tarde em seu diário. Em
vez de tentar pegar de novo no sono, ou de executar os rituais de
banição, o Neófito sentiu-se tão abalado que saiu do quarto e foi bater a
porta de sua superiora, nossa colega, que também estava experimentando
uma noite inquieta, embora não tão desagradável, e acordou facilmente de
seu sono. Ela ouviu com atenção o relato do Neófito e depois fez-lhe
diversas perguntas pertinentes. Como resultado, o Neófito revelou que N.
tinha recentemente lhe feito uma proposta homossexual, que fora
polidamente recusada.
Entre Thelemitas, naturalmente,
homossexualidade não é vergonha nem crime, apenas um ato de escolha
pessoal. Nossa colega não ficou chocada pela revelação de que N. tinha
tais apetites, mas a situação estava agora esclarecida.
- Vá dormir! Disse ela ao seu discípulo – e deixe isso comigo.
O
Neófito voltou ao seu quarto, sentindo-se bastante aliviado. Nossa irmã
esperou que ele fechasse a porta e traçou astralmente um pentagrama no
centro do umbral, apontando para fora. Então retirou-se aos seus
aposentos, onde executou uma prolongada adivinhação pelo Taro.
O Neófito passou o resto da noite tranqüilo, com um profundo sono reparador.
Na
manhã seguinte, o aspecto de N. à mesa de café era chocante: estava
profundamente pálido, suas mãos e lábios tremiam continuamente. Nossa
colega, observando-o, perguntou aos circunstantes como haviam passado a
noite. Desta vez, constataram que as mulheres, embora com sono inquieto,
não haviam tido nenhum pesadelo; mas dois rapazes declararam que haviam
novamente experimentado uma sensação de peso e desconforto sobre o
peito.
- Apenas sobre o peito – disse nossa colega, não sem malícia – ou também sobre alguma outra parte do corpo?
Neste momento N. levantou-se tão bruscamente que sua cadeira foi arremessada ao chão.
- Parem com isso! – ele gritou, puxando os cabelos. –Parem de me torturar!
Enquanto
os circunstantes, com exceção de nossa colega, o contemplavam
boquiabertos, ele ejaculou uma série de acusações frenéticas e
disparatadas contra a companhia. Eles o estavam perseguindo e insinuando
coisas sobre ele. Voltou-se para o Neófito responsável pela sua
presença na Abadia e acusou-o de crueldade, frieza e zombaria.
Finalmente debulhando-se em lágrimas, saiu correndo da sala e foi
trancar-se em seu quarto.
A situação seria cômica se não fosse
patética. Os circunstantes se entreolharam consternados. Uma das moças
começou a rir, e parou tão subitamente quanto começara. Os olhos se
voltaram para a cabeça da comunidade.
- N. está passando por uma Ordália iniciática – disse nossa colega. –Não se preocupem, deixem isso comigo.
Enquanto
a congregação terminava o café da manhã com menos conversa e mais
gravidade que de costume, nossa irmã foi a cozinha, encheu um vasilhame
de água onde dissolveu um pouco de sabão, fez certos sinais e pronunciou
certas palavras, e foi até o quarto ocupado por N., onde traçou no
centro limiar da porta um pentagrama apontando para dentro.
Normalmente,
com a passagem do sol acima ou abaixo do horizonte, a força magnética
desses sinais se dissolve e é necessário refazê-los. Mas a sensibilidade
de N. era tal que ele não saiu do quarto até a manhã do dia seguinte,
quando nossa irmã foi pessoalmente buscá-lo.
É desnecessário dizer que a comunidade dormiu tranqüilamente aquela noite, sem quaisquer incidentes.
Durante
o dia seguinte nossa irmã teve uma longa conversa com N.. Este fora
educado numa cidadezinha de Minas Gerais como rigoroso católico, sua
família sendo fanaticamente religiosa. Na adolescência, havia sido
mandado para um seminário, onde, como infelizmente é comum, fora
condicionado a homossexualidade por um de seus receptores. Embora a
família tivesse desejado que N. seguisse o sacerdócio católico romano,
tal não aconteceu porque quando o rapaz tinha dezoito anos foi
descoberto em flagrante com seu preceptor em atividade sexual. O
preceptor, como acontece, acusou N. de tê-lo tentado e insistido na
relação, e o infeliz seminarista foi forçado a sair do estabelecimento
em desgraça.
Nossa colega, baseada em suas conversações com N. e na longa adivinhação pelo Taro, chegou as seguintes conclusões:
N.
era um temperamento sensível e impressionável, que talvez não tivesse
tido tendências ao homossexualismo de berço, mas fora condicionado a
este tipo de atividade por um padre devasso. O choque de ser expulso do
colégio o antagonizara com a Igreja Romana, pelo que ele se ligara ao
tipo de misticismo emocional e elementar que mais se assemelha ao
Romanismo, isto é a teosofia de Max Heindel, sem ser exatamente cristão.
A atividade homossexual exacerba tendências ao sado-masoquismo e
provoca um desenvolvimento anormal do corpo Etérico. Na atmosfera
altamente carregada da Abadia, o corpo astral de N. se exteriorizara
inconscientemente durante o sono, e procurara satisfazer seus apetites
frustrados pela recusa do Neófito em ter relações com ele. Na primeira
noite todos haviam sido atacados, com exceção de nossa colega, cuja aura
era demasiadamente forte para ser afetada; mas na Segunda noite, tendo
feito sua escolha magnética, o astral de N. atacara apenas homens mais
jovens, começando pelo Neófito que o atraíra.
Quando a situação
foi explicada a N. por nossa colega, ele sentiu-se extremamente
consternado por sua conduta. Nossa colega tranqüilizou-o, apontando que
ninguém é responsável por seus atos a não ser depois que se torna
cônscio deles.
N. ficou a Abadia durante mais uma semana,
benquisto por todos; mas toda noite nossa colega tomou a precaução de
selar o umbral da porta do visitante com o pentagrama traçado com água e
sabão, apontando para dentro, a fim de impedir que o astral de N. se
exteriorizasse durante o sono e saísse para “assombrar” o resto dos
habitantes.[4]
O exemplo que acabamos de dar, trata-se de um
ataque astral inconsciente. É preciso que as pessoas compreendam que
cada um dos nossos “veículos” ou planos de consciência, se assim
preferimos, tem seu próprio “quartel general” de controle, análogo ao
celebro físico. Ponderemos, por exemplo, a maneira como nossas funções
fisiológicas são normalmente executadas sem qualquer necessidade de
intervenção da mente consciente. O sistema nervoso reflexo se encarrega
da manutenção da saúde física, deixando as faculdades volitivas
conscientes livres para executarem outro tipo de trabalho. Pensemos, por
exemplo, o que seria a nossa vida se tivéssemos de respirar
conscientemente para viver! Este, aliás, é um fenômeno que às vezes
ocorre na prática de Pranayama.
Há pessoas que tem um corpo
astral extremamente desenvolvido, como resultado de herança genética, ou
treino involuntário, ou treino deliberado. Se tais pessoas não mantém o
corpo astral sob controle, ele tenderá a divagar além do corpo físico, o
que é bastante perigoso. Assim como no caso de N. seu corpo astral,
estimulado pelas práticas homossexuais, depois dinamizado pela atmosfera
magnética carregada da Abadia, exteriorizou-se para procurar satisfazer
os apetites reprimidos de seu dono, pode acontecer que o corpo astral,
divagando a esmo no astral, seja atacado, e até mesmo capturado, por uma
influência hostil. Isto acontece freqüentemente com os praticantes do
espiritismo, principalmente os Kardecistas, que não tomam a mínima
precaução mágicka para testar ou selecionar as influências às quais
permitem acesso a seus veículos e a seus locais de trabalho e moradia. A
aura de certos médiuns espíritas, em conseqüência, é um poço de
imundície astral. O que é pior, sua influência malsã é infecciosa.
Sentimentalismo piegas, negativismo emocional, receptividade mórbida são
apenas alguns dos seus efeitos. Doenças nervosas, da pele, lesões do
sistema muscular e da espinha dorsal, falta de concentração mental,
tendência ao exagero, ou à mentira, e até ao roubo, são outros efeitos
da mediunidade imprudente. As exceções são pouquíssimas. Homens e
mulheres de um alto grau de verdadeira pureza pessoal e firmeza de
caráter tem auras que inibem as entidades mais baixas, principalmente se
eles selecionam cuidadosamente seus associados, como ocorre no
candomblé legítimo. Mas infelizmente, tais casos são a exceção e não a
regra.
Se a aura de um sensitivo faz parte de um corpo astral
desenvolvido por herança genética,[5] e a pessoa não exercita nem domina
seu veículo sutil, este tenderá a divagar no astral e a freqüentar as
correntes magnéticas com que adquiriu afinidade em existências
anteriores. Em certos casos, o corpo astral pode estar mais desenvolvido
que as faculdades volitivas do corpo físico na existência presente, e
fenômenos semelhantes ao de dupla personalidade podem ocorrer. Do ponto
de vista iniciático, isto é altamente indesejável, mas alguns médiuns e
“psíquicos” se orgulham de uma tal situação.
Em certa ocasião, um
indivíduo que desejava adquirir dominação psicológica sobre nós,
declarou-nos que conversava freqüentemente com o nosso Ente Mágicko, o
qual “lhe dava conselhos”.
- Talvez isso possa ocorrer, nós lhe
replicamos, mas se meu Ente Mágicko, lhe disser para fazer coisas que
contradigam o que eu lhe digo quando estou em meu corpo físico, você não
estará falando com meu “Ente Mágicko” coisa nenhuma, e sim com algum
elemental ou demônio tentando me personificar.
O cavalheiro em
questão, vendo o tiro lhe saiu pela culatra, afastou-se de nós.
Descobrimos mais tarde que se tratava de um hábil vigarista,
especializado em explorar a megalomania de pseudo-místicos; usava um
nome falso e já extorquira enormes quantias em dinheiro de diversas
“sociedades ocultas” brasileiras.
A técnica desta particular
vigarice baseia-se em que a maioria dos ocultistas não tem a mínima
concepção do que é realmente o caminho Iniciático. Tais infelizes mais
que depressa aceitam a idéia de que seus “Entes Mágickos” são capazes de
aparecer a “seus discípulos” à sua revelia e sem seu conhecimento
consciente. Aí, o “discípulo” começa a dizer ao “mestre” o que este
supostamente lhe disse enquanto estava se manifestando magicamente.
Antes que o “mestre” perceba, estará atacando as coisas que o
“discípulo” lhe diz que ele disse nas “visões”. Desse momento em diante,
o verdadeiro “mestre” é o “discípulo”.
O que deve ser claramente
compreendido é que as faculdades humanas que representam a
Individualidade, à Volição, e a Compreensão espirituais estão
completamente acima de qualquer manifestação astral. Elas estão além do
Abismo, e o corpo astral não existe além do Abismo.
Como diz O Livro da Lei, cap. I, 8-9:
O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs.
Adorai então o Khabs, e vede minha luz derramar-se sobre vós!
O
Khabs é a “Estrela”, isto é, a centelha do Fogo Divino em cada ser
humano, seja homem ou mulher. O Khu é o termo que os antigos egípcios
usavam para descrever o Ente Mágicko do Iniciado. Este Ente Mágicko, que
corresponde ao “Corpo de Glória” do místico cristão, consiste na
purificação e harmonização de todos os veículos inferiores. É este Ente
Mágicko que é dissolvido voluntariamente pelo Adepto Exempto ao cruzar o
Abismo.
Identificando-se com o Khabs, o Iniciado ativa o Ajna
Chakra, que corresponde a Hadit no sistema hindu. Como resultado, a
Energia Cósmica se concentra no Sahasrara, que corresponde a Nuit, e a
Luz das Estrelas se derrama sobre o Iniciado.
Até a etimologia
dos termos hindus para os “éteres” mais sutis, Adhi e Anupadaka, se
assemelha aos termos egípcios correspondentes, Had e Nu. Isto sugere que
ambas as correntes iniciáticas tiveram a mesma origem num passado mais
longínquo, talvez na legendária Atlântida ou na legendária Mu
Isto
é um assunto que só pode ser de interesse aos historiadores. O que nos
concerne, na prática, é a absoluta necessidade de controlar o corpo
astral, e mentê-lo sempre sob domínio daquelas faculdades em nós que
representam a nossa Verdadeira Vontade.
Iniciados de corpo astral
muito desenvolvido, mas de baixa ética, podem ser muito perigosos, não
só para os profanos como para outros Iniciados. Os leitores não devem
julgar que um corpo astral bem desenvolvido é sinal automático de alta
espiritualidade; isto seria o equivalente de supor que um halterofilista
de enormes músculos é necessariamente uma pessoa de elevados
sentimentos e nobres intenções. Citaremos um caso bastante ilustrativo,
da experiência de uma iniciada da antiga Aurora Dourada, atualmente
reformulada como a Ordem Externa da A\A\.
No primeiro ano deste
século, Aleister Crowley, que subira rápidamente nos Graus da Aurora
Dourada, instituiu um exame mágicko da Ordem e seus “chefes” e, tento
chegado a conclusão de que a organização perdera seus laços com os
planos espirituais destruiu-a ocultamente.[6]
Uma das poucas
pessoas de valor que ainda estavam ligadas à Aurora Dourada na ocasião
era Violet M. Firth, mais conhecida de ocultistas pelo seu pseudônimo de
Dion Fortune. A Sra. Firth escreveu uma série de artigos para uma
conceituada revista de ocultismo inglesa, descrevendo as manobras
espúrias de falsos iniciados, mas sem se referir diretamente à Aurora
Dourada, a qual era seu único contato com Magick e misticismo naquela
época.
Infelizmente para a Sra. Firth, seu grau era muito abaixo
do de Crowley, e ela começou a experimentar estranhas sensações de
ameaça e de pressão oculta. A seguir, começou a ter experiências de
clarividência involuntária. Isto era alarmante, pois iniciados treinados
não tem experiências psíquicas involuntárias a não ser em
circunstâncias muito fora do normal. Um médium kardecista pode se
alegrar de ver subitamente a fisionomia de um “falecido” lhe aparecer à
frente; um ocultista treinado interpretará o fenômeno como uma quebra
naquela separação que sempre deve ser mantida entre os diversos planos
de consciência. Como disse a própria Srs. Firth, ao relatar sua
experiência: “No método pelo qual eu fui treinada somos ensinados a
manter os diversos planos de consciência estritamente separados, e
usamos uma técnica específica para abrir e fechar os portais. Em
conseqüência, a gente raramente experimenta um psiquismo espontâneo:
nossas visões se assemelham às de um cientista usando um microscópio
para examinar materiais previamente escolhidos.”
As experiências
anormais da Srs. Firth se avolumaram ao ponto em que, no seu estado
normal de vigília, ela começou a ver faces demoníacas aparecerem e
desaparecerem de relance, a qualquer momento, e quando ocupada com
qualquer assunto. Neste ponto, ela já começara a suspeitar que estava
sob ataque, e corretamente atribuiu o ataque à série de artigos que
havia publicado denunciando abusos em fraternidades pseudo-ocultistas;
mas ela não identificara ainda o atacante, e mais tarde escreveu: “Qual a
minha surpresa, então, ao receber uma carta de uma pessoa que eu
considera minha amiga, e pela qual eu sentia o máximo respeito, uma
carta que não me deixou em qualquer dúvida quanto à fonte do ataque que
eu estava sofrendo, e quanto àquilo que eu poderia esperar se
continuasse a escrever meus artigos!”
A pessoa em questão, cujo
nome a Sra. Firth não revelou em seu relato, era a esposa do pretenso
“chefe” da Aurora Dourada, denunciado por Crowley, o qual usava,
indevidamente, o nome de “MacGregor Mathers” (mencionado em “Liber LXI”,
A Lição de História, sob o Mote S.R.M.D.) Moina Mathers, irmã do
filósofo francês Henri Bergson, tomara as dores do marido no conflito
deste com Crowley. Tanto ela quanto Mathers pouco podiam fazer contra
Crowley, um iniciado de grau muitíssimo mais elevado que o deles; [7]
mas o caso de Dion Fortune era outro. Como ela mesmo escreveu: “Posso
dizer com toda mínima suspeita de que esta pessoa estava envolvida nos
escândalos que eu estava denunciando. Evidentemente eu tinha me metido
em assuntos bem mais graves do que pensara.”
Muitas críticas
podem ser feitas a Dion Fortune, mas coragem de brigar (exceto com
Crowley, a quem ela nunca compreendeu, mas cujas obras copiou
descaradamente, e a quem ela instintivamente respeitava) nunca lhe
faltou. Meditando sobre a situação, ela chegou a conclusão de que a
publicação dos seus artigos era necessária, e lhe fora inspirada pelos
Vigilantes Invisíveis. A série de artigos já estava completa, mas havia
sido apenas parcialmente publicada; ela poderia ter impedido que a
publicação continuasse.
Ela decidiu permitir que a série se completasse. [8] Continuando a citar o seu relato:
“O
Equinócio de Primavera tinha chegado. Devo explicar que esta é a mais
importante época do ano para ocultistas.[9] Grandes marés de forças
estão fluindo nos Planos Internos, e são muito difíceis de manipular. Se
vai haver perigo astral, usualmente a situação eclode nesta época. Há
também certas reuniões que ocorrem no Plano Astral, e muitos ocultistas a
elas comparecem fora do corpo físico. A fim de fazer isto, temos de nos
colocar numa espécie de transe, e então a mente fica livre para viajar.
É costumeiro pedir a alguém que entende destes assuntos para ficar de
guarda ao lado de nosso corpo físico enquanto este está vazio, a fim de
impedir que ele sofra algum dano.[10]
Continuando ela diz: Em via
de regra, quando estamos sofrendo um ataque oculto a gente se conserva a
qualquer custo no estado normal de consciência, e dorme durante o dia e
permanece desperta e meditando quando o sol está abaixo do horizonte.
Mas, como o azar ocasionalmente impõe, eu estava obrigada a sair numa
viagem astral nessa ocasião.[11]
Minha atacante sabia disso tão
bem quanto eu. Portanto, executei meus preparativos com todas as
precauções de que pude lançar mão: reuni um grupo de discípulos
cuidadosamente selecionado para formar o círculo de guarda, e selei o
local da operação com cerimonial costumeiro. Eu não tinha muita fé nesta
ultima precaução nas circunstâncias, pois minha atacante era de um grau
mais alto que o meu,[12] e poderia passar por quaisquer selos que eu
sabia impor. Mas ao menos, os selos me protegiam contra forças mais
baixas.
“O método de executar estas viagens astrais é altamente técnico, [13] e não posso aqui me estender sobre o assunto.
Na
linguagem da psicologia, trata-se de auto-hipnose através de um
símbolo.[14] De acordo com o símbolo escolhido, nós obtemos acesso a
diferentes seções do Invisível. O iniciado treinado, portanto, não
vagueia pelo astral como um fantasma perturbado, mas vem e vai através
de corredores definidos.
“A tarefa de minha inimiga, portanto,
não era difícil, pois ela sabia a que horas eu teria de fazer esta
viagem, e o símbolo que eu teria que usar para deixar meu corpo.[15]
Por isto eu sabia que teria que enfrentar oposição, embora não soubesse de que forma esta oposição apareceria.
“Essas
viagens astrais são na realidade sonhos lúcidos em que nós retemos
todas as nossas faculdades de escolha, poder de vontade, e
discernimento. As minhas sempre começam com uma cortina de cor
simbólica,Y através de cujas dobras eu passo. Assim que eu passei pela
cortina nessa ocasião, vi a minha inimiga esperando por mim, ou se outra
terminologia for preferida, comecei a sonhar com ela. Ela me apareceu
nas vestimentas completas do seu grau, que são magníficas. Barrando
minha entrada, foi logo dizendo que por virtude de sua autoridade ela me
proibia de utilizar esse corredores mágickos." Repliquei que não
admitia o direito dela me barrar apenas porque estava pessoalmente
zangada comigo, e que eu apelava para os Chefes Internos, aos quais
tanto ela quanto eu estávamos obrigadas. Então começou uma batalha de
vontades na qual experimentei a sensação de ser arremessada pelo ar e de
cair de uma grande altura, e me percebi de volta a meu corpo. Mas meu
corpo não estava onde eu o havia deixado, e sim num amontoado no canto
mais afastado da sala, onde tudo estava derrubado e espalhado como se lá
estivesse explodido uma bomba. Através do fenômeno de repercussão, a
luta astral aparentemente se comunicara ao meu corpo físico, o qual dera
cambalhotas em volta do aposento enquanto o agitado grupo de guardiões
retirava a mobília de sua passagem!
A experiência me deixara um
pouco intimidada, pois não havia sido agradável. Admiti para mim mesma
que fora derrotada, e que havia sido expulsa com sucesso dos caminhos
astrais; mas compreendi também que se eu aceitasse esta derrota minha
carreira oculta estaria terminada. Assim como uma criança que acaba de
cair de um cavalo de ser recolocada imediatamente na sela, ou jamais
terá coragem de cavalgar de novo, senti que eu tinha que encetar
novamente minha viagem astral a qualquer custo. Assim, disse aos meus
discípulos que se acalmassem e reformulassem o círculo, porque nós
tínhamos que tentar de novo; invoquei os Chefes Secretos, e
exteriorizei-me novamente. Desta feita houve um combate rápido e duro, e
atravessei a barreira. Tive a Visão dos Chefes Interno, e regressei.
A
luta estava terminada. Nunca mais experimentei qualquer problema. Mas
quando tirei minhas roupas a fim de ir dormir naquela noite, minhas
costas estavam muito doloridas, e com uma lente examinei a pele num
espelho. Do pescoço à cintura eu estava coberta de arranhões, como se
estivesse estado nas garras de um gato gigantesco.
Contei esta
história a alguns amigos, ocultistas experientes, que no passado haviam
estado associados à pessoa com a qual eu tive este problema, e eles me
disseram que ela era bem conhecida por este tipo de ataque astral. Um
amigo deles, após uma alteração com ela, tivera um experiência
exatamente similar; ele ficara coberto de marcas de unhas afiadas. Nesse
caso a pessoa ficara doente durante seis meses e tinha se afastado
completamente do Ocultismo.”
Dio Fortune, ou Violet M. Firth,
prossegui seu relatório desta experiência mencionando a morte misteriosa
de uma moça, encontrada nua nos rochedos de uma praia irlandesa em
circunstância que indicavam que estivera fazendo uma invocação mágicka.
Seu corpo estava coberto de marcas semelhantes, e ela também estivera
associada a Moina Mathers.
Mas aí já saímos do terreno do
ocultismo para entrar no das fofocas. Tanto a Srs. Mathers quanto a Srs.
Firth já morreram faz tempo, e tais marcas continuam a ocorrer. O autor
destas linhas já as descobriu sobre seu corpo após ataques mágickos.
Elas decorreram da dilatação excessiva, com conseqüente hemorragia, dos
vasos capilares periféricos. A hemorragia deixa marcas semelhantes a
arranhões. Não precisamos, portanto, atribuir ataques astrais à alma de
Moina Mathers, ou à infeliz família dos felinos. As marcas são
realmente, o resultado de repercussão de pressão etérica sobre o corpo
físico; mas decorrem normalmente de qualquer tipo de luta psíquica, a
qual produz o fenômeno de “stress” no organismo carnal.
[1] Um
paradoxo aparente do trabalho iniciático é que nós começamos por nos
fortificarmos e desenvolvermos ao máximo possível e terminamos por
destruir o castelo fortificado que erigimos.
[2] De Dominis Liminis a Adeptus Minor principalmente.
[3]
Explique-se: uma comunidade mágica está normalmente defendida, não só
pelos rituais de banimento que são feitos diariamente, como também pelos
rituais de invocação. A atmosfera psíquica atinge portanto um estado de
alta tensão; a defasagem entre a vida anímica da comunidade e a gama
vibratória normal fora da comunidade é muito grande. Nestas
circunstâncias, uma influência discordante só pode manifestar vinda de
fora se tiver algum foco de afinidade dentro do círculo. Esta é a origem
da lenda de que um vampiro só pode penetrar numa casa com o
consentimento de alguma pessoa que se encontra lá dentro.
[4] A
finalidade do sabão era prover um fixador para o magnetismo: a água pura
é excelente condutor, e por isso não acumula. Ela poderia ter usado
sal, ou alguma outra substância; mas o sabão serve tanto quanto qualquer
outra, e é mais barato. Como já dissemos, para que a proteção seja
constante, é necessário renová-la após o pôr e nascer do sol, ocasiões
em que a atmosfera magnética de qualquer local sofre radicais
alterações.
[5] Usamos a expressão “herança genética” onde
outros poderiam dizer “trabalho em encarnações passadas”. Não vem ao
caso aqui qual das duas expressões descrevem melhor os fatos. Pois na
prática o resultado é o mesmo. Não estamos interessados no problema, se é
que é problema, da sobrevivência da alma. Estamos bastante
interessados, porém, no que a “alma” faz em sua presente existência.
[6]
O iniciado que assim proceder, tem de assumir o Karma da organização
destruída e criar, no plano físico, uma nova organização que preencha a
lacuna deixada pela outra e não sofra dos vícios e defeitos dela.
[7]
Embora Mathers se gabasse de ser Adeptus Major, e reclamasse igual
dignidade para a esposa, ambos não haviam ultrapassado o Grau de
Practicus, enquanto Crowley já era Dominus Liminis, mesmo antes de
receber “Liber AL”
[8] Esta decisão, em face de uma ameaça
pessoal cuja gravidade ela não subestimava, foi que possibilitou sua
passagem ao Grau de Zeladora.
[9] Este tipo de asserção
categórica demonstra o pouco desenvolvimento oculto de Dion Fortune, que
naquela existência nunca passou à Ordem Interna. Tanto os equinócios
quanto os solstícios são importantes. Mas ocorre que as estações do ano
são opostas nos dois hemisférios. Exemplo: o dia de “Corpus Christi” do
catolicismo romano é um antiquíssimo festival pagão do hemisfério norte,
e corresponde a primeira lunação que segue o Equinócio de Primavera
naquele hemisfério. Mas no hemisfério sul, o Equinócio de Outono cai na
época que corresponde ao Equinócio de Primavera no hemisfério norte, e
vice-versa. O “Natal” que corresponde ao Solstício de Inverno, deveria
ser celebrado em junho no hemisfério sul, e não em dezembro, e “Corpus
Christi” no sul deveria seguir setembro, para que esses festivais
pudessem realmente corresponder às forças mágicas que eles deveriam
comemorar.
[10] Esta precaução é desnecessária para iniciados que
alcançaram o Adeptado, mas é útil nos graus mais baixos, e
principalmente aos aspirantes.
[11] Novamente, esta cautela só
parece útil nos graus mais baixos. Nos graus mais elevados, a pressão
hostil é benvinda, pois depura o astral de seus elementos mais
grosseiros; e acima do Abismo, a concepção de “mal” ou “bem” per todo
significado. A pessoa que tenta “atacar” um Mestre do Templo, por
exemplo, vê sua corrente repercutir sobre si mesma, por motivos que lhe
seriam claros se apenas ponderasse o simbolismo qabalístico do Grau.
[12]
Esta asserção totalmente errônea comprova o baixo grau de
desenvolvimento de Dion Fortune. É simplesmente inconcebível que uma
membra do Grau de Adepto, que a Srs. Matheres afirmava (com seu marido)
possuir, agisse de forma como a Srs. Matheres agiu nesta ocasião.
Moina Matheres era, como a Srs. Firth, apenas um Neófito: porém mais forte e mais experiente magicamente do que a colega.
Não
se deve jamais confundir aptidão mágica com progresso espiritual. Os
Graus da A\A\marcam estágios de perspectiva na evolução da raça; poderes
mágicos ou místicos são apenas detalhes do processo. É por isto que
está declarado que qualquer ser humano pode, a qualquer momento,
reclamar o Grau de Magister. Mas quem faz isto imediatamente atrai para
si aquele Ordálio que é chamada de Segunda Morte.
Toda esfera da
Árvore da Vida dos Qabalístas contém em si uma espécie de projeção da
árvore inteira, assim como todo ser humano contém em si o potencial
genético da humanidade inteira. O progresso em cada grau, portanto,
reflete e amplia o progresso na Árvore inteira. A visão central do
Neófito chama-se a Visão do Sagrado Anjo Guardião. A pessoa que
experimenta esta Visão, que corresponde a Tiphareth de Malkuth (isto é,
reflete a experiência de Tiphareth na Esfera de Malkuth) pode
confundi-la, se deixar-se afetar pelo Ego anormalmente estimulado pelas
práticas, com a Visão de Tiphareth de Tiphareth, que é chamada de
Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião e é tão belamente
descrita em Zanoni, de Bulwer-Lytton.
Quem experimenta a Visão
Central de Malkuth e se deixa iludir com a idéia de que experimentou a
Visão Central de Tiphareth, naturalmente deixa de progredir. Tenta
executar as Operações do Adeptado, em vez de se dedicar mais às
Operações de Neófito, que levam à passagem do Grau de Zelator. Tal era o
caso de Moina Mathers e seu marido; a vaidade egóica levou-os a se
perderem nas esferas ilusórias do baixo Astral, onde as Sephiroth estão
refletidas em formas demoníacas.
Arriscando sua vida, sua saúde
psíquica, e até sua razão humana, para atingir o Centro vibratório da
organização a que aspirava, Violet M. Firth, sem saber, estava
executando justamente o tipo de operação que a levaria ao Grau de
Zelator – com o involuntário auxílio de sua inimiga, e ex-colega.
[13]
A realidade, é extremamente simples, e Dion Fortune está apenas se
dando ares exotéricos. A única condição sine qua non é que a pessoa
obtenha um legítimo contato mágico com a corrente cujos símbolos está
manipulando.
[14] Esta asserção errônea é outro fruto do baixo
grau iniciático da autora. Hipnose é um fenômeno do Manas Rupa, ou Corpo
Mental, e pode ocorrer sem que outros veículos sejam afetados. Esta
confusão quanto aos diversos planos de consciência é muito comum em quem
nunca praticou Ioga e Magia de forma sistemática. Isto quer dizer que o
encontro seria feito através de um símbolo provido por Mathers, e a uma
hora determinada por este para “visitar” os Chefes Secretos em um
Templo Astral. Ora, já que Mathers não tinha mais acesso aos “Chefes”,
tendo-se perdido no astral, as imagens dos “Chefes” presentes a essas
reuniões eram apenas imagens astrais formuladas pelo próprio Mathers,
com o auxílio inconsciente dos que acreditavam nele.
[15] A
formação de imagens astrais é facílima; daí o grande perigo de nos
iludirmos nesse plano. Nossos piores inimigos ali são os nossos
preconceitos e a nossa vaidade.
Por outro lado, a pureza de
intenção e uma aspiração genuína podem elevar uma mera imagem astral à
categoria de um laço mágico com os verdadeiros Chefes Secretos. Este foi
o caso de Dion Fortune nessa ocasião.
Y Isto é, uma cor magicamente em harmonia com o símbolo invocado.
"
Presunção da Neófito. Nada há que proíba uma Estrela humana de ir aonde
quiser, a não ser o seu próprio desenvolvimento interno. Em verdadeiro
Ocultismo não há “segredos”: há apenas verdades que, por mais
simplesmente que sejam explicadas, não podem ser compreendidas sem
vivência e preparo.